Nossas coleções são jornadas que unem o passado, o presente e o futuro.

O dia que nasce e se põe, a lua que atravessa o céu à noite, as estações do ano, semanas, meses, anos, ciclos naturais e também aqueles criados pela humanidade para contar seu tempo, seu espaço na história dos dias, calendários de todo lugar, de leste a oeste. O tempo do semear e de colher, o tempo do trigo, do pão e do fazer. O tempo do frio e do calor. O tempo de uma vida, de uma fase, momentos que começam e acabam, ciclos que nos transformam para sempre, ver uma criança nascer, crescer, cultivar um ser.

 

A vida de cada ser sendo formado pelos seus ciclos que se sucedem num grande infinito movimento para frente (ou para onde?), para o futuro, numa cadência linear, circular, um espiral para dentro de si.

 

As formas circulares me encantam pela capacidade de se transmutarem em movimento, mas também fotografam e tornam estática a representação do movimento que nos leva adiante.

 

Sempre enxerguei minha vida em ciclos, não só pelos marcos temporais da existência definida, infância, adolescência, fase adulta, mas os ciclos nos lugares, com as pessoas, nos momentos de vida, que me impactaram e são o repertório do que me levou a ser o que sou hoje. Reverencio todos os ciclos que vivi, os bons e ruins e miro no horizonte novos ciclos que chegam e que chegarão.

 

Esse aqui é um novo ciclo, depois de outros ciclos na vida adulta, ciclos em outras profissões, em outros lugares. Inicio esse novo ciclo na sua inteireza e não por acaso O Ciclo do Tempo é a coleção que inaugura o Atelier Júlia Assis.

 

O conceito da coleção se completa quando fui absolutamente impactada por Claude Monet e sua série Les Meules, os Palheiros. Vi alguns desses quadros organizados numa sequência no The Metropolitan Museum, em Nova York, em outubro de 2023, justo quando eu construía o conceito da coleção que celebrava esse novo ciclo da minha vida.

 

Por trás da aparente simplicidade do objeto retratado, enxerguei ali - e essa foi uma interpretação particular minha - a tentativa e a empreitada de capturar o tempo, um instante único, e a passagem do tempo, numa sequência de instantes. Impressionismo no que há de mais impressionista.

 

Os palheiros retratados em diversos momentos não saíram de mim. Conforme eu me aprofundava nas minhas pesquisas, mais absorvida eu ficava com aquele universo ali capturado, em que era possível sentir o vento gelado no inverno azul e branco e o calor outonal do fim de tarde laranja, como numa espécie de diário repassado dia após dia, estação após estação, no qual os palheiros permanecem estáticos e o que muda é o tempo e a vida, nos seus ciclos.

 

Homenageando essa conceito que me impactou tão profundamente, surge o talismã dessa coleção, o trigo, a peça que pode ser combinada a outras peças e transcende a própria coleção. O trigo feito em ouro, esculpido a partir de um trigo real transformado em metal.

 

Contemplemos o tempo, o trigo, os ciclos, o que nos formou e que nos forja para o que virá. Celebremos, então, O Ciclo do Tempo.